> Foram quase dois meses que municípios do Brasil inteiro voltaram as suas atenções para as eleições de 2024. Para grande maioria, 5467 cidades - para ser mais preciso -, as coisas já tinham se resolvido no primeiro turno, mas para 51 delas, a chefia do executivo só foi definida no último domingo (27).
A intensidade dessas eleições ficou a olhos vistos. Muita campanha na rua, com bandeiras, caminhadas, carreatas, encontros e atos políticos; muita campanha nas redes, com postagens, debates, cortes e memes. A impressão que tenho é que se para alguns o sentimento foi do "Eee!" da vitória ou o "Ahhh" da derrota, para outros - a esmagadora maioria - o sentimento é do "Ufa!" de alívio pelo fim das campanhas.
Mas se você, caro eleitor ou cara eleitora que lê esse texto, acha que o momento é de esquecer política e só lembrar dela daqui dois anos, nas eleições presidenciais, acho que precisamos ter uma conversinha.
Se tem uma coisa que eu aprendi na corrida eleitoral deste ano foi a de que políticos são - e talvez precisam ser - pragmáticos até a medula. Pragmático é aquele sujeito que não mede nenhum esforço para alcançar o objetivo final. Sabe aquela história dos fins justificando os meios? Pois é. E se na política o objetivo maior é se eleger - quando deveria ser trabalhar pela sociedade -, políticos farão de tudo para conseguir os votos necessários, independente dos meios para isso. Chame uma pessoa assim de maquiavélica se preferir.
E você sabe o valor que eles nos dão no período eleitoral, não sabe? Além das promessas, eles te bajulam, demonstram interesse pelos seus problemas, apertam sua mão e olham no seus olhos... Te enxergam, te escutam, te entendem. Aí eles ganham sua confiança e você dá o que eles mais querem: seu voto.
Aí eles vencem. Chegam lá. Conseguiram convencer a maioria. Fim de papo? Não. Agora tem que ser o começo de tudo. Nosso trabalho não termina na urna, pelo contrário.
Assim que um político é eleito, ele precisa ser cobrado. A gente tem que ficar em cima mesmo, igual aqueles treinadores de Cross Fit que ficam supervisionando se o aluno está fazendo seu exercício direito e, com medo da "bronca", se policia para não errar o próximo movimento e nem pensa em desistir.
Ou para melhorar o exemplo, temos que cobrar um político como somos cobrados nos nossos trabalhos. Já experimentou fazer corpo mole, não entregar o que você combinou com o seu superior ou simplesmente não ir trabalhar sem uma justificativa plausível?
Você deve ter me entendido: na política, nós somos os chefes! Se não cobrarmos todos os dias, eles relaxam e não tem nada pior do que um político relaxado, confortável e tranquilo. Político bom é político incomodado, desconfortável e com medo. E eu explico: eles precisam entender quem é que manda, mas se quem manda não cobra, eles farão questão de se esquecer disso.
A gente tem o ímpeto de sempre cobrar os candidatos não queríamos que vencesse e passar um pano e fazer vista grossa para os que elegemos. Aí que está o erro. Eu tô prontíssimo para cobrar quem eu apoiei e espero que você também esteja ou, pelo menos, esteja se preparando para isso, independente do seu campo político. E hoje, com as redes sociais, ficou muito mais fácil ir até o instagram do seu candidato e mandar um "E aí? Lembra daquela promessa? Não? Pois eu lembro!".
Aí, de duas, uma: ou você será bem atendido - como foi enquanto eles queriam o seu voto -, ou descartado, como aquele santinho que ficou jogado na rua. Se o primeiro caso acontecer, parabéns para o político em questão, mas ele não está fazendo mais do que a sua obrigação. Para o segundo caso, bem... Nas próximas eleições faça as pessoas saberem e ele lembrar disso. Faça ele realmente lembrar disso, pois eles, prefeitos, prefeitas, vereadores e vereadoras, têm uma forte tendência a esquecer das coisas.
Não vamos deixá-los esquecerem do óbvio: eles trabalham para a gente e é bom andarem na linha!
Conhecimento é conquista!
-FS
P.s.: para complementar a leitura, ouça People Have the Power, de Patti Smith. Vou facilitar pra você e deixar a música traduzida aqui.
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